O agronegócio do Rio Grande do Sul movimentou US$ 3,3 bilhões em exportações no primeiro trimestre de 2025, um crescimento de 11,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O setor respondeu por 69,9% das exportações totais do Estado. Trata-se do terceiro maior valor registrado para um primeiro trimestre desde o início da série histórica, iniciada em 1997.
Os dados integram o boletim Indicadores do Agronegócio do RS, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
Além do desempenho positivo nas exportações, o agronegócio foi responsável por 29.190 novos empregos formais, o segundo maior saldo desde 2020. O número equivale a 43,9% do total de vagas de trabalho com carteira assinada geradas na economia do RS no período.
Setores com maior crescimento
Os setores com maior valor exportado foram: fumo e seus produtos (US$ 660,3 milhões), carnes (US$ 607,2 milhões), cereais e farinhas (US$ 589,0 milhões), complexo soja (US$ 563,1 milhões) e produtos florestais (US$ 350,1 milhões).
O milho foi o principal destaque do primeiro trimestre, com a maior quantidade exportada desde 1997: 669,9 mil toneladas. O valor das vendas do cereal cresceu 892% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 157,8 milhões. A valorização do produto no mercado internacional, combinada à entressafra em outras regiões do país e ao aumento da demanda externa, contribuiu para o resultado.
O setor de carnes também registrou forte crescimento, com altas expressivas nas exportações de carne de frango (12,5%), suína (27,7%) e bovina (23,1%). Conforme o estudo do DEE/SPGG, a confirmação de um caso da gripe aviária (influenza aviária de alta patogenicidade) em granja comercial no município de Montenegro, em maio – que resultou na suspensão das exportações de carne de frango do Estado para destinos relevantes –, deve impactar negativamente os próximos resultados do setor.
No complexo soja, as vendas de soja em grão cresceram 74,5%, e as de óleo de soja, 47,4%. O fumo teve crescimento nos três grupos de produtos: não manufaturado, manufaturado e desperdícios.
Principais destinos e cenário global
A China foi o principal destino das exportações do agronegócio do RS no trimestre, concentrando 20,1% do total. Em seguida, aparecem União Europeia (10,3%), Vietnã (7,8%), Estados Unidos (6,3%), Indonésia (4,9%), Arábia Saudita (4,8%) e Coréia do Sul (3,6%). Juntos, esses sete mercados responderam por 57,7% das exportações do período.
O trimestre também foi marcado por tensões comerciais globais, com destaque para o conflito tarifário entre Estados Unidos e China. Embora as duas potências tenham firmado uma trégua de 90 dias em maio, o cenário permanece incerto. A Nota Técnica aponta ainda que o agronegócio estadual pode se beneficiar de uma possível reconfiguração de fluxos comerciais, com oportunidades para ampliar a presença no mercado asiático.
Geração de empregos formais
O saldo positivo de 29.190 empregos formais no agronegócio do RS no primeiro trimestre de 2025 representa um aumento de 4.515 vagas em relação ao mesmo período de 2024. Todos os segmentos da cadeia contribuíram para o resultado:
Entre os setores com maior geração de empregos estão: fabricação de produtos do fumo, produção de lavouras permanentes, abate e fabricação de produtos de carne, comércio atacadista de insumos agropecuários, produção de lavouras temporárias e fabricação de tratores e equipamentos agrícolas. Este último apresentou recuperação após sete trimestres consecutivos de retração, encerrando o trimestre com saldo de 1.840 novas vagas.
Safra e sazonalidade da mão de obra
O trimestre também foi marcado por forte mobilização de mão de obra nas lavouras de verão. A safra de fumo aumentou 19,3%, a de milho, 18%, e a de arroz, 13,8%. A produção de soja apresentou queda de 17,9%. O aumento da atividade econômica nos segmentos agroindustriais e na produção primária influenciou diretamente a criação de postos formais de trabalho.